domingo, 20 de novembro de 2016

Primavera

“ (…)
A água estilada das goteiras tombava sobre o pavimento com um som cavo, as ferraduras dos cavalos ressoavam surdamente nas lajes da calçada, e algures no meio do nevoeiro descia do céu e a voz lamentosa de um invisível almuadem a convocar os fiéis para as preces matinais.
Eu transportava às costas um cesto de pãezinhos doces e sentia ímpetos de continuar a caminhar infindavelmente, ultrapassando o nevoeiro, atravessado os campos até à larga estrada e ao distante caminho que me lavaria a regiões onde a Primavera havia sem dúvida nascido já.
(…) ”
(“ O patrão, pag. 544, Volume 5 de Obras Completas de Máximo Gorki”
)

sábado, 6 de agosto de 2016

De Balzac








“O colo era de um arredondado perfeito. O busto arqueado, cuidadosamente coberto, atraía o olhar e fazia sonhar; faltava sem dúvida alguma graça devida ao trajar, mas, para os conhecedores, a não flexibilidade desta alta estatura devia ser um encanto. Eugenie, grande e forte, não tinha nada do gracioso que agrade às massas; mas era bela, desta beleza tão fácil de reconhecer e de que se prendem os artistas. O pintor que procura aqui na terra um tipo de celeste pureza de Maria, que busca em toda a natureza feminina esses olhos altivos adivinhados por Rafael, essas linhas virgens frequentemente devidas ao acaso da concepção, mas que uma vida cristã e pudica só pode conservar ou fazer adquirir, esse pintor, apaixonado por um tão raro modelo, teria achado de imediato no rosto de Eugenia a nobreza inata que se ignora; teria visto uma fronte calma um mundo de amor; … “
Pag. 63 de Eugenia Grandel – de Balzac

Esta pedra

Há pouco mais de 20 anos, eu vi esta cena. A sua pretensão existe, ou tim por tim, nestes anos até hoje:
Era o pôr-do-sol visto da praia. Um homem velho e feio, que da PIDE passou para o PPD, explicava tudo quase sabia sobre as teorias de Nicolau Maquiavel, teoria e prática de Ronald Reagan, Margaret Thatcher e sua, pouco teórica, porém muita prática. De repente enquanto o velho falava os betinhos levantam a cabeça para o ar. Olham um quadro que se mexia como pintado a vermelho, amarelo, cinzento claro ou escuro. Por entre essas das nuvens, surgia sempre um amarelo com pedaços de vermelho um círculo, cada vez com maior dimensão.
- Lindo quadro que vedes! É meu, não é vosso?
- O mãe eu quero aquele arco amarelo!
Helena a mais fala-barato, a mais puta, com mais experiência no gamanço confiava cegamente no seu filho. Seu filho, um menino pequeno, porém já espertinho, precisava da resposta e, em vez da mãe, ouviu o velho, feito professor.
- Aquela bola que apontais é o sol que ilumina tudo: terra, mar, burros e borboletas. Ide com as vossas mães, essas demagogas, e no assalta a um banco ao contrário de mim, mandai pintar um borboleta. O Sol que vedes em Portugal é vosso, e não faltam burros que vos apoiem. E repara tu, filho de Helena, anda cá que hás-de se dono do PDD/PSD, porque por cá há vários bancos...

De Balzac





“O colo era de um arredondado perfeito. O busto arqueado, cuidadosamente coberto, atraía o olhar e fazia sonhar; faltava sem dúvida alguma graça devida ao trajar, mas, para os conhecedores, a não flexibilidade desta alta estatura devia ser um encanto. Eugenie, grande e forte, não tinha nada do gracioso que agrade às massas; mas era bela, desta beleza tão fácil de reconhecer e de que se prendem os artistas. O pintor que procura aqui na terra um tipo de celeste pureza de Maria, que busca em toda a natureza feminina esses olhos altivos adivinhados por Rafael, essas linhas virgens frequentemente devidas ao acaso da concepção, mas que uma vida cristã e pudica só pode conservar ou fazer adquirir, esse pintor, apaixonado por um tão raro modelo, teria achado de imediato no rosto de Eugenia a nobreza inata que se ignora; teria visto uma fronte calma um mundo de amor; … “


Pag. 63 de Eugenia Grandel – de Balzac

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Galinha














As vacas voam? Não!
Diz uma ex-ministra da agricultura. E por isso, sabe que as vacas não voam. Com tantas nuvens que houveram, algumas carregadas de chuva - acho eu, que nunca foi ministro de nada -, não haverá espaço para uma vaca que voltou, agora, ao segundo lugar na terra.
As coisas tem um espaço de duração. Há vacas que voam ou outras que não. Esta voou… agora não. Assim, está melhor explicado!