“Existe um país onde os estudantes começam a estudar em uma
idade mais avançada, assistem a menos aulas, tem três meses de férias de verão,
passam menos tempo na escola por dia, raramente tem dever de casa e raramente
são avaliados.”
“Existe um país onde professores são profissionais
respeitados e rapidamente recebem um cargo, são raramente avaliados, ganham
bons salários e tem um sindicato forte. ”
“Existe um país onde as escolas recebem fundos modestos,
desenvolvem seus próprios currículos, pesquisam e adoptam novas tecnologias,
não tem diferenças de rendimento entre os alunos e não deixam nenhuma criança
para trás.”
“Esse país é classificado no topo da lista por quase todas
as medições.”
“Bem-vindo à FINLÂNDIA.”
A Finlândia, um país que saiu da segunda guerra mundial com
uma economia agrária e hoje é líder em desenvolvimento tecnológico sendo
classificado pela ONU em 1º lugar em matéria de educação no mundo.
A grande diferença é que em vez dos professores ensinarem um
conteúdo para os alunos as crianças são ensinadas a pensar por elas mesmas
incentivando a criatividade, a curiosidade e a imaginação. Elas são estimuladas
a resolver problemas, pesquisando e analisando as informações sozinhas, ter
clareza de pensamento e fazer críticas.
Um bom exemplo desse método é quando ensinam o teorema de
Pitágoras, em vez do professor explicar para os alunos como chegar na famosa
fórmula (a2 = b2 + c2), ele os conduz para que descubram o teorema por si
mesmos.
No decorrer das aulas procura-se que 60% do tempo seja dos
alunos, para discutir o assunto, e os 40% restantes do professor, deixando os
estudantes mais livres para chegarem as suas próprias conclusões. Além disso,
também permite que os professores dediquem mais atenção para as crianças com
maior dificuldade não permitindo que ninguém fique para trás.
A necessidade de testes e provas para avaliar o desempenho
do aluno é quase inexistente assim como não existem turmas especiais, todos os
alunos recebem a mesma qualidade de ensino, não importando onde estudem, sua
condição social, raça, religião etc.
Todos os professores, até os de 1º grau, precisam ser
mestres para exercer a profissão, significando pelo menos 5 anos de estudos, 3
para o bacharelado mais 2 para o mestrado e mesmo assim apenas 10% dos
candidatos são absorvidos pelo sistema de ensino que diga-se de passagem é
público.
Os candidatos que conseguem se tornar professores primeiro
viram “professores- estudantes” onde terão que assistir as aulas, junto com os
alunos, ministradas pelos mais experientes “professores-mestres”. Depois de
cada aula os professores-estudantes discutem com os professores-mestres suas
observações sobre o método de ensino, o que fariam diferente e assim por
diante. Esse sistema cria um ambiente onde os professores estão constantemente
aprendendo e aperfeiçoando-se com o “feedback” dos demais. É um sistema
dinâmico onde o professor não é um profissional solitário diferente da maioria
dos outros países.
E isso é
possível porque na base do sistema está a confiança de que está sendo realizado
um trabalho de alta qualidade pelas instituições educacionais e professores. Um
bom exemplo são os currículos. O Ministério da Educação da Finlândia tem um
currículo básico, mas confia nos municípios e suas escolas para adequá-los as
necessidades locais, ou seja, as escolas criam seus próprios currículos em cima
do básico. Por sua vez as escolas confiam nos professores para ensinar da
maneira que acham melhor não havendo a necessidade de avaliá-los.
O
surpreendente é que o sistema foi implantado em apenas 25 anos. Na década de
1970 quando a força de trabalho começou a diminuir, o governo tomou a decisão
que a base do desenvolvimento do país não iria mais ser a produção industrial,
mas a capacidade de desenvolvimento intelectual da população. Isso levou a
Finlândia, hoje, ter um orçamento de 3,5% do PIB para Pesquisa e
Desenvolvimento, o 3º maior do mundo e também ser o país com a maior taxa per
capita de pesquisadores no mundo.
Como
Einstein uma vez disse “A formulação do problema é mais importante que a
solução”.