Ao Abril que Novembro matou, procurei novos amores!!! Prova isso a Esperança que voltou...
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
Para a matança?
Entre as as barbaridades que vão saindo de S. Bento, há uma especialmente perturbante: a redução do subsídio de
desemprego mínimo para 377 euros para beneficiários com agregado familiar e 300
euros para benificiários isolados. A medida afecta 150 mil desempregados. Isto
sabendo que cerca de 300 mil desempregados inscritos nos centros de emprego não
recebem qualquer prestação social. Junte-se os que já nem se inscrevem e
percebemos a dimensão da catástrofe social: cerca de dois terços dos desempregados
reais não têm meios de subsistência.
A aproximação do subsídio de desemprego ao salário mínimo nacional tem um sentido: a de que é, para uma família em idade ativa, virtualmente impossível viver com menos do que isso. Para defendermos a redução do subsídio mínimo teríamos de aceitar que os desempregados são merecedores de menor dignidade do que os restantes cidadãos.
Sejamos claros: esta redução de 10% num subsídio já miserável é a fronteira entra a pobreza extrema e a indigência. Como disse Fernando Alves, na TSF, "não revela apenas insensibilidade social, mas desprezo pelos mais desamparados".
E esta é a pedra de toque deste governo: um desprezo absoluto pelos mais pobres. Na realidade, é um desprezo que, nos últimos anos, fez o seu caminho em grande parte da sociedade. Generalizou-se em relação aos beneficiários do Rendimento Social de Inserção - que já poucos políticos ou comentadores se atrevem a defender - e em relação aos desempregados, espalhando-se a ideia de que se tratam de preguiçosos. Este racismo social tem uma função política poderosa: isolar os mais pobres para, com mais facilidade, atacar o Estado Social. Começam-se nas prestações sociais mais impopulares para, a partir daí, ir às seguintes. Depois do RSI, o subsídio de desemprego. Depois do subsídio de desemprego, as reformas. No fim, claro, o grande objetivo: os salários. Tal como as reformas e o subsídio de desemprego, para o qual os trabalhadores descontaram na sua vida de trabalho, o salário já quase é visto como uma esmola e não como um direito.
Surge, em cada vez mais gente, a ideia de que quem recebe o subsídio de desemprego se deve dedicar a limpar matas e a trabalhar à borla para o Estado. A defesa deste princípio ignora que o dinheiro deste subsídio é dos trabalhadores. Foram eles que o deram ao Estado para, num momento difícil, não ficarem sem nada. Ou seja, vão trabalhar duas vezes para receber o mesmo. Esta ideia de o tal subsídio deve corresponder um serviço para o Estado cumpre três funções: passar a tratar o subsídio de desemprego como uma esmola, retirar a sua função reguladora (impedindo, com o aumento dos desempregados, uma queda acentuadíssima dos salários), criar condições para que eles sejam um indicador do que deve ser o salário praticado e passar a ideia de que quem recebe o subsídio só está desempregado porque quer.
Sim, é verdade que estamos a assistir a um ataque sem precedentes à classe média. Mas seria bom não nos fecharmos no nosso pequeno cantinho. O ataque aos mais pobres é ainda mais brutal. Porque, neste caso, estamos a falar da sua própria sobrevivência física. Basta fazer este esforço: imaginar o que é alimentar, vestir e garantir casa uma família com 377 euros, todos os meses. E, no meio, ainda ter recursos para conseguir procurar emprego. É condenar cada vez mais gente a um ciclo interminável de pobreza. E assim aumentar o exército de reserva que substitui, a qualquer preço e em quaisquer condições, os trabalhadores no ativo.
O governo recuou na medida. Mais uma vez, o truque do costume: avança-se com o inaceitável. Provando-se escandaloso, recua-se e propõe-se outra coisa, só um bocadinho menos pornográfica. Que, por comparação, pareça civilizada. Chama-se a isto brincar com as pessoas. Começa a ficar repetitivo.
A aproximação do subsídio de desemprego ao salário mínimo nacional tem um sentido: a de que é, para uma família em idade ativa, virtualmente impossível viver com menos do que isso. Para defendermos a redução do subsídio mínimo teríamos de aceitar que os desempregados são merecedores de menor dignidade do que os restantes cidadãos.
Sejamos claros: esta redução de 10% num subsídio já miserável é a fronteira entra a pobreza extrema e a indigência. Como disse Fernando Alves, na TSF, "não revela apenas insensibilidade social, mas desprezo pelos mais desamparados".
E esta é a pedra de toque deste governo: um desprezo absoluto pelos mais pobres. Na realidade, é um desprezo que, nos últimos anos, fez o seu caminho em grande parte da sociedade. Generalizou-se em relação aos beneficiários do Rendimento Social de Inserção - que já poucos políticos ou comentadores se atrevem a defender - e em relação aos desempregados, espalhando-se a ideia de que se tratam de preguiçosos. Este racismo social tem uma função política poderosa: isolar os mais pobres para, com mais facilidade, atacar o Estado Social. Começam-se nas prestações sociais mais impopulares para, a partir daí, ir às seguintes. Depois do RSI, o subsídio de desemprego. Depois do subsídio de desemprego, as reformas. No fim, claro, o grande objetivo: os salários. Tal como as reformas e o subsídio de desemprego, para o qual os trabalhadores descontaram na sua vida de trabalho, o salário já quase é visto como uma esmola e não como um direito.
Surge, em cada vez mais gente, a ideia de que quem recebe o subsídio de desemprego se deve dedicar a limpar matas e a trabalhar à borla para o Estado. A defesa deste princípio ignora que o dinheiro deste subsídio é dos trabalhadores. Foram eles que o deram ao Estado para, num momento difícil, não ficarem sem nada. Ou seja, vão trabalhar duas vezes para receber o mesmo. Esta ideia de o tal subsídio deve corresponder um serviço para o Estado cumpre três funções: passar a tratar o subsídio de desemprego como uma esmola, retirar a sua função reguladora (impedindo, com o aumento dos desempregados, uma queda acentuadíssima dos salários), criar condições para que eles sejam um indicador do que deve ser o salário praticado e passar a ideia de que quem recebe o subsídio só está desempregado porque quer.
Sim, é verdade que estamos a assistir a um ataque sem precedentes à classe média. Mas seria bom não nos fecharmos no nosso pequeno cantinho. O ataque aos mais pobres é ainda mais brutal. Porque, neste caso, estamos a falar da sua própria sobrevivência física. Basta fazer este esforço: imaginar o que é alimentar, vestir e garantir casa uma família com 377 euros, todos os meses. E, no meio, ainda ter recursos para conseguir procurar emprego. É condenar cada vez mais gente a um ciclo interminável de pobreza. E assim aumentar o exército de reserva que substitui, a qualquer preço e em quaisquer condições, os trabalhadores no ativo.
O governo recuou na medida. Mais uma vez, o truque do costume: avança-se com o inaceitável. Provando-se escandaloso, recua-se e propõe-se outra coisa, só um bocadinho menos pornográfica. Que, por comparação, pareça civilizada. Chama-se a isto brincar com as pessoas. Começa a ficar repetitivo.
Entre as barbaridades que vão saindo de
São Bento, há uma especialmente perturbante: a redução do subsídio de
desemprego mínimo para 377 euros para beneficiários com agregado familiar e 300
euros para benificiários isolados. A medida afecta 150 mil desempregados. Isto
sabendo que cerca de 300 mil desempregados inscritos nos centros de emprego não
recebem qualquer prestação social. Junte-se os que já nem se inscrevem e
percebemos a dimensão da catástrofe social: cerca de dois terços dos desempregados
reais não têm meios de subsistência.
A aproximação do subsídio de desemprego ao salário mínimo nacional tem um sentido: a de que é, para uma família em idade ativa, virtualmente impossível viver com menos do que isso. Para defendermos a redução do subsídio mínimo teríamos de aceitar que os desempregados são merecedores de menor dignidade do que os restantes cidadãos.
Sejamos claros: esta redução de 10% num subsídio já miserável é a fronteira entra a pobreza extrema e a indigência. Como disse Fernando Alves, na TSF, "não revela apenas insensibilidade social, mas desprezo pelos mais desamparados".
E esta é a pedra de toque deste governo: um desprezo absoluto pelos mais pobres. Na realidade, é um desprezo que, nos últimos anos, fez o seu caminho em grande parte da sociedade. Generalizou-se em relação aos beneficiários do Rendimento Social de Inserção - que já poucos políticos ou comentadores se atrevem a defender - e em relação aos desempregados, espalhando-se a ideia de que se tratam de preguiçosos. Este racismo social tem uma função política poderosa: isolar os mais pobres para, com mais facilidade, atacar o Estado Social. Começam-se nas prestações sociais mais impopulares para, a partir daí, ir às seguintes. Depois do RSI, o subsídio de desemprego. Depois do subsídio de desemprego, as reformas. No fim, claro, o grande objetivo: os salários. Tal como as reformas e o subsídio de desemprego, para o qual os trabalhadores descontaram na sua vida de trabalho, o salário já quase é visto como uma esmola e não como um direito.
Surge, em cada vez mais gente, a ideia de que quem recebe o subsídio de desemprego se deve dedicar a limpar matas e a trabalhar à borla para o Estado. A defesa deste princípio ignora que o dinheiro deste subsídio é dos trabalhadores. Foram eles que o deram ao Estado para, num momento difícil, não ficarem sem nada. Ou seja, vão trabalhar duas vezes para receber o mesmo. Esta ideia de o tal subsídio deve corresponder um serviço para o Estado cumpre três funções: passar a tratar o subsídio de desemprego como uma esmola, retirar a sua função reguladora (impedindo, com o aumento dos desempregados, uma queda acentuadíssima dos salários), criar condições para que eles sejam um indicador do que deve ser o salário praticado e passar a ideia de que quem recebe o subsídio só está desempregado porque quer.
Sim, é verdade que estamos a assistir a um ataque sem precedentes à classe média. Mas seria bom não nos fecharmos no nosso pequeno cantinho. O ataque aos mais pobres é ainda mais brutal. Porque, neste caso, estamos a falar da sua própria sobrevivência física. Basta fazer este esforço: imaginar o que é alimentar, vestir e garantir casa uma família com 377 euros, todos os meses. E, no meio, ainda ter recursos para conseguir procurar emprego. É condenar cada vez mais gente a um ciclo interminável de pobreza. E assim aumentar o exército de reserva que substitui, a qualquer preço e em quaisquer condições, os trabalhadores no ativo.
O governo recuou na medida. Mais uma vez, o truque do costume: avança-se com o inaceitável. Provando-se escandaloso, recua-se e propõe-se outra coisa, só um bocadinho menos pornográfica. Que, por comparação, pareça civilizada. Chama-se a isto brincar com as pessoas. Começa a ficar repetitiva.
A aproximação do subsídio de desemprego ao salário mínimo nacional tem um sentido: a de que é, para uma família em idade ativa, virtualmente impossível viver com menos do que isso. Para defendermos a redução do subsídio mínimo teríamos de aceitar que os desempregados são merecedores de menor dignidade do que os restantes cidadãos.
Sejamos claros: esta redução de 10% num subsídio já miserável é a fronteira entra a pobreza extrema e a indigência. Como disse Fernando Alves, na TSF, "não revela apenas insensibilidade social, mas desprezo pelos mais desamparados".
E esta é a pedra de toque deste governo: um desprezo absoluto pelos mais pobres. Na realidade, é um desprezo que, nos últimos anos, fez o seu caminho em grande parte da sociedade. Generalizou-se em relação aos beneficiários do Rendimento Social de Inserção - que já poucos políticos ou comentadores se atrevem a defender - e em relação aos desempregados, espalhando-se a ideia de que se tratam de preguiçosos. Este racismo social tem uma função política poderosa: isolar os mais pobres para, com mais facilidade, atacar o Estado Social. Começam-se nas prestações sociais mais impopulares para, a partir daí, ir às seguintes. Depois do RSI, o subsídio de desemprego. Depois do subsídio de desemprego, as reformas. No fim, claro, o grande objetivo: os salários. Tal como as reformas e o subsídio de desemprego, para o qual os trabalhadores descontaram na sua vida de trabalho, o salário já quase é visto como uma esmola e não como um direito.
Surge, em cada vez mais gente, a ideia de que quem recebe o subsídio de desemprego se deve dedicar a limpar matas e a trabalhar à borla para o Estado. A defesa deste princípio ignora que o dinheiro deste subsídio é dos trabalhadores. Foram eles que o deram ao Estado para, num momento difícil, não ficarem sem nada. Ou seja, vão trabalhar duas vezes para receber o mesmo. Esta ideia de o tal subsídio deve corresponder um serviço para o Estado cumpre três funções: passar a tratar o subsídio de desemprego como uma esmola, retirar a sua função reguladora (impedindo, com o aumento dos desempregados, uma queda acentuadíssima dos salários), criar condições para que eles sejam um indicador do que deve ser o salário praticado e passar a ideia de que quem recebe o subsídio só está desempregado porque quer.
Sim, é verdade que estamos a assistir a um ataque sem precedentes à classe média. Mas seria bom não nos fecharmos no nosso pequeno cantinho. O ataque aos mais pobres é ainda mais brutal. Porque, neste caso, estamos a falar da sua própria sobrevivência física. Basta fazer este esforço: imaginar o que é alimentar, vestir e garantir casa uma família com 377 euros, todos os meses. E, no meio, ainda ter recursos para conseguir procurar emprego. É condenar cada vez mais gente a um ciclo interminável de pobreza. E assim aumentar o exército de reserva que substitui, a qualquer preço e em quaisquer condições, os trabalhadores no ativo.
O governo recuou na medida. Mais uma vez, o truque do costume: avança-se com o inaceitável. Provando-se escandaloso, recua-se e propõe-se outra coisa, só um bocadinho menos pornográfica. Que, por comparação, pareça civilizada. Chama-se a isto brincar com as pessoas. Começa a ficar repetitiva.
terça-feira, 23 de outubro de 2012
esperou...
O policial
de trânsito, diz à motorista:
- "Vou lhe dar a oportunidade de procurar outra vez sua Carteira de Motorista!"
- "Olha policial, já procurei seis vezes no porta luvas e não encontro o documento. Acho que perdi".
- "Calma. Pode demorar o tempo que quiser, mas procure de novo no porta luvas. Pode ser que esteja nervosa e não tenha procurado direito!"
- "Vou lhe dar a oportunidade de procurar outra vez sua Carteira de Motorista!"
- "Olha policial, já procurei seis vezes no porta luvas e não encontro o documento. Acho que perdi".
- "Calma. Pode demorar o tempo que quiser, mas procure de novo no porta luvas. Pode ser que esteja nervosa e não tenha procurado direito!"
- "Ok! Vou procurar
novamente."
- "Tenha calma! Posso esperar."
- "Tenha calma! Posso esperar."
domingo, 21 de outubro de 2012
Confio unicamente na tua obra, em ti; quem mais chora – agora e sempre – é a cultura portuguesa e quem liga a isso.
“O único consolo que sinto ao pensar na inevitabilidade da
minha morte é o mesmo que se sente quando o barco está em perigo:
encontramo-nos todos na mesma situação.”
Léon Tolstoi
“Uma casa é as ruínas de uma casa,
uma coisa ameaçadora à espera de uma palavra;
desenha-a como quem embala um remorso,
com algum grau de abstracção e sem um plano rigoroso”,
---=---
“ (…) Só quero um sítio onde pousar a cabeça.
Anoitece em todas as cidades do mundo,
acenderam-se as luzes de corredores sonâmbulos
onde o meu coração, falando, vagueia.”
(Manuel António Pina)
----0----
"A gente vê-se um dia por Aí" e depois falamos!
CONTO AZUL
Certa vez, tinha eu quinze anos, inventei uma história que
principiava
assim:
"A primeira coisa que faz os defuntos, depois de
enterrados, é
abrirem novamente os olhos".
Mas fiquei tão horrorizado com essa espantosa revelação que
não me
animei a seguir avante e a história gorou no berço, isto é,
no túmulo.
(Mario Quintana; Sapato Furado, 1994)
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
Para quem?
O economista João Duque diz que as contas de Portugal estão
a ser mal feitas e que não será possível cumprir as metas traçadas.
"Há uma falha dos modelos. Vejam o que foi o orçamento
de 2012", apelou, durante o evento IDC Directions que decorreu no Estoril.
"Tínhamos uma previsão de cobrança do IRS, IRC e do IVA. Com base na
última execução orçamental, vejam qual era a previsão e a realidade",
continuou, mostrando quadros comparativos. O IRS subiu, o IVA desceu.
"Os orçamentos só servem para apontar os desvios, e
isto são desvios colossais", frisou. João Duque considera que, perante as
"grandes alterações que estão a ser impostas à economia portuguesa, e que
os modelos não comportam", não se pode prever qual será o comportamento da
economia.
"Os portugueses perderam poder de compra e desataram a
poupar. Oops", gracejou, referindo que "em termos colectivos" o
comportamento é, por vezes, inesperado.
"O que se passa na economia portuguesa é isto. Eu
sinto-me uma cobaia porque não é possível ter a mais pálida ideia de qual vai
ser o comportamento perante um ataque fiscal como o que se vai fazer. No
entanto, as previsões estão lá. Não tenho confiança absolutamente nenhuma no
modelo", assinalou.
Apesar do cenário
negro, o economista acredita que Portugal "será um país repleto de
oportunidades daqui a dez, quinze anos", depois de um êxodo provocado pela
crise. "Portugal pode ser um país virado para a atracção da terceira idade
da Europa. Pode ser um país de logística", sugeriu.
João Duque pretende que o futuro seja pensado de forma
abrangente. "Pagar as contas é apenas tratar das urticárias, não é mudar
Portugal. E o nosso problema não é financeiro, apesar de ter essa aparência. As
contas estão a ser mal feitas", concluiu.
Mostrando quadros com os vencimentos de dívida dos próximos
anos, João Duque garantiu que não será possível pagar.
domingo, 14 de outubro de 2012
(Coluna de opinião do Semanário Expresso)
(Coluna de opinião do Semanário Expresso)
Nicolau Santos
Senhor
Primeiro-ministro,
depois das medidas que anunciou sinto uma força a crescer-me
nos dedos e uma raiva a nascer-me nos dentes. Também eu, senhor
Primeiro-ministro. Só me apetece rugir!…O que o Senhor fez, foi um Roubo! Um Roubo
descarado à classe média, no alto da sua impunidade política! Por isso, um
duplo roubo: pelo crime em si e pela indecorosa impunidade de que se revestiu.
E, ainda pior: Vossa Excelência matou o País! Invoca Sua Sumidade, que as
medidas são suas, mas o défice é do Sócrates! Só os tolos caem na esparrela
desse argumento. O défice já vem do tempo de Cavaco Silva, quando, como bom
aluno que foi, nos anos 80, a mando dos donos da Europa, decidiu, a troco de
700 milhões de contos anuais, acabar com as Pescas, a Agricultura e a
Industria. Farisaicamente, Bruxelas pagava então, aos pescadores para não
pescarem e aos agricultores para não cultivarem. O resultado, foi uma total
dependência alimentar, uma decadência industrial e investimentos faraónicos no
cimento e no alcatrão. Bens, não transaccionáveis, que significaram o êxodo
rural para o litoral, corrupção larvar e uma classe de novos muitíssimo-ricos.
Toda esta tragédia, que mergulhou um País numa espiral deficitária, acabou,
fragorosamente, com Sócrates. O défice é de toda esta gente, que hoje vive
gozando as delícias das suas malfeitorias. E você é o herdeiro e o filho
predilecto de todos estes que você, agora, hipocritamente, quer pôr no banco
dos réus? Mas o Senhor também é responsável por esta crise. Tem as suas asas
crivadas pelo chumbo da sua própria espingarda. Porque deitou abaixo o PEC4, de
má memória, dando asas aos abutres financeiros para inflacionarem a dívida para
valores insuportáveis e porque invocou como motivo para tal chumbo, o carácter excessivo
dessas medidas. Prometeu, entretanto, não subir os impostos. Depois, já no
poder, anunciou como excepcional, o corte no subsídio de Natal. Agora, isto!
Até a este colossal embuste, que é o Orçamento
Geral do Estado. Diz Vossa Eminência que não tinha outra saída. Ou seja, todas
as soluções passam pelo ataque ao Trabalho e pela defesa do Capital Financeiro.
Outro embuste. Já se sabia no que resultaram estas mesmas medidas na Grécia: no
desemprego, na recessão e num défice ainda maior. Pois o senhor, incauto e
ignorante, não se importou de importar tão assassina cartilha. Sem Economia,
não há Finanças, deveria saber o Senhor. Com ainda menos Economia (a recessão
atingirá valores perto do 5% em 2012), com muito mais falências e com o
desemprego a atingir o colossal valor de 20%, onde vai Sua Sabedoria buscar
receitas para corrigir o défice? Com a banca descapitalizada (para onde foram
os biliões do BPN?), como traçará linhas de crédito para as pequenas e médias
empresas, responsáveis por 90% do desemprego? O Senhor burlou-nos e
espoliou-nos. Teve a admirável coragem de sacar aos indefesos dos
trabalhadores, com a esfarrapada desculpa de não ter outra hipótese. E há
tantas! Dou-lhe um exemplo: o Metro do Porto. Tem um prejuízo de 3.500 milhões
de euros, é todo à superfície e tem uma oferta 400 vezes (!!!) superior à
procura. Tudo alinhavado à medida de uns tantos autarcas, embandeirados por
Valentim Loureiro. Outro exemplo: as parcerias público-privadas, grande
sugadouro das finanças públicas. Outro exemplo: Dizem os estudos que, se V.
Ex.ª cortasse na mesma percentagem, os rendimentos das 10 maiores fortunas de
Portugal, ficaríamos aliviadinhos de todo, desta canga deficitária. Até porque
foram elas, as grandes beneficiárias desta orgia grega que nos tramou. Estaria
horas, a desfiar exemplos e Você não gastou um minuto em pensar em deslocar-se
a Bruxelas, para dilatar no tempo, as gravosas medidas que anunciou, para
Salvar Portugal! Diz Boaventura de Sousa Santos que o Senhor Primeiro-ministro
é um homem sem experiência, sem ideias e sem substrato académico para tais
andanças. Concordo! Como não sabe, pretende ser um bom aluno dos mandantes da
Europa, esperando deles, compreensão e consideração. Genuína ingenuidade! Com
tudo isto, passou de bom aluno, para lacaio da senhora Merkel e do senhor
Sarkhozy, quando precisávamos, não de um bom aluno, mas de um Mestre, de um
Líder, com uma Ideia e um Projecto para Portugal. O Senhor, ao desistir da
Economia, desistiu de Portugal! Foi o coveiro da nossa independência. Hoje, é,
apenas, o Gauleiter de Berlim. Demita-se, senhor primeiro-ministro, antes que
seja o Povo a demiti-lo.
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
Este aumento de impostos é um grito
“. Não tem lógica, não
tem política, não tem justiça, não tem estudos, não tem regras, não tem sequer
coerência ideológica. É uma arma que metralha contra uma selva escura.
Impostos, impostos, impostos. [...] O Governo destratou os portugueses quando
criou uma tropa de elite para tratar dos mercados e deixou vazia a cadeira da
política, onde se fala ao povo. Agora, o Governo precisa do povo. Mas
falha-lhe, não lhe dá o que povo exige. Merece. Precisa. [...]
Como podemos acreditar que há equidade sem dados para
percebê-lo? Quanto vão pagar as concessionárias de PPP, se é que vão? Qual é a
taxa sobre transacções financeiras? Que "grandes lucros" de empresas
vão ser tributados? Qual a dimensão da economia paralela?
Como será cortada despesa do Estado em quatro mil milhões de
euros, como a troika obriga? Vão despedir militares, polícias? Vão cortar
prestações sociais, subsídio de desemprego? Quanto? A quem? Não é uma falácia
dizer que os portugueses vão ficar melhor em 2013 do que ficariam com a TSU,
quando muitos vão ficar pior que em 2012? Como havemos de acreditar que a
economia "só" decresce 1% no próximo ano? O que nos garante que não
entramos em espiral recessiva? Por que razão a receita fiscal não quebrará no próximo
ano se quebrou neste? Quando acaba afinal esta crise? Em 2014? Em 2018? Em dois
mil e nunca? Que ambição podemos ter? Que gerações têm esperança? Que legado
deixaremos? Sem respostas, os portugueses não sabem sequer quanto dinheiro vão
ter daqui a três meses, quanto mais se acreditam no País. [...] Estamos mais
pobres, mas há cada vez mais ricos.)”
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