domingo, 20 de novembro de 2016

Primavera

“ (…)
A água estilada das goteiras tombava sobre o pavimento com um som cavo, as ferraduras dos cavalos ressoavam surdamente nas lajes da calçada, e algures no meio do nevoeiro descia do céu e a voz lamentosa de um invisível almuadem a convocar os fiéis para as preces matinais.
Eu transportava às costas um cesto de pãezinhos doces e sentia ímpetos de continuar a caminhar infindavelmente, ultrapassando o nevoeiro, atravessado os campos até à larga estrada e ao distante caminho que me lavaria a regiões onde a Primavera havia sem dúvida nascido já.
(…) ”
(“ O patrão, pag. 544, Volume 5 de Obras Completas de Máximo Gorki”
)