sexta-feira, 20 de julho de 2012

Em Portugal é pior: A nossa gente viciou-se na TV !!!


“Não é de hoje que vários pensadores sérios estudam o mecanismo da manipulação da informação do mercado. Um deles, o linguista Noam Chomsky, relacionou dez estratégias sobre o tema.

Na verdade, Chomsky elaborou um verdadeiro tratado que deve ser analisado por todos (jornalistas ou não) os interessados no tema tão em voga nos dias de hoje em função da importância adquirida pelos meios de comunicação na batalha diária de “fazer cabeças”.

 Vale a pena transcrever o quinto tópico elaborado e que remete tranquilamente a um telejornal brasileiro de grande audiência e em especial ao apresentador.

 O tópico assinala que o apresentador deve “dirigir-se ao público como criaturas de pouca idade ou deficientes mentais. A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discursos, argumentos, personagens e entonação particularmente infantil, muitas vezes próxima da debilidade, como se o espectador fosse uma pessoa de pouca idade ou um deficiente mental. Quanto mais se tenta enganar o espectador, mais se tende a adoptar um tom infantil”.

 E prossegue Chomsky indagando o motivo da estratégia. Ele mesmo responde: “se alguém se dirige a uma pessoa como se ela tivesse 12 anos ou menos, então, por razão da sugestão, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reacção também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos”.

 Alguém pode estar imaginando que Chomsky se inspirou em William Bonner, o apresentador do Jornal Nacional que utiliza exactamente a mesma estratégia assinalada pelo linguista.

 Mas não necessariamente, até porque em outros países existem figuras como Bonner, que são colocados na função para fazerem exactamente o que fazem, ajudando a aprofundar o esquema do pensamento único e da infantilização do telespectador.

De qualquer forma, o que diz Chomsky remete a artigo escrito há tempos pelo professor Laurindo Leal Filho depois de ter participado de uma visita, juntamente com outros professores universitários, a uma reunião de pauta do Jornal Nacional comandada por Bonner.

 Laurindo informava então que na ocasião Bonner dissera que em pesquisa realizada pela TV Globo foi identificado o perfil do telespectador médio do Jornal Nacional. Constatou-se, segundo Bonner, que “ele tem muita dificuldade para entender notícias complexas e pouca familiaridade com siglas como o BNDES, por exemplo. Na redacção o personagem foi apelidado de Homer Simpson, um simpático mas obtuso personagem dos Simpsons, uma das séries estadunidenses de maior sucesso na televisão do mundo”

 E prossegue o artigo observando que Homer Simpson “é pai de família, adora ficar no sofá, comendo rosquinhas e bebendo cerveja, é preguiçoso e tem o raciocínio lento”

 Para perplexidade dos professores que visitavam a redacção de jornalismo da TV Globo, Bonner passou então a se referir da seguinte forma ao vetar esta ou aquela reportagem: “essa o Hommer não vai entender” e assim sucessivamente.

A tal reunião de pauta do Jornal Nacional aconteceu no final do ano de 2005. O comentário de Noam Chomsky é talvez mais recente. É possível que o linguista estadunidense não conheça o informe elaborado por Laurindo Leal Filho, até porque depois de sete anos caiu no esquecimento. Mas como se trata de um artigo histórico, que marcou época, é pertinente relembrá-lo.

 De lá para cá o Jornal Nacional praticamente não mudou de estratégia e nem de editor-chefe. Continua manipulando a informação, como aconteceu recentemente em matéria sobre o desmatamento na Amazónia, elaborada exactamente para indispor a opinião pública contra os assentados.

 Dizia a matéria que os assentamentos são responsáveis pelo desmatamento na região Amazónica, mas simplesmente omitiu o facto segundo o qual o desmatamento não é produzido pelos assentados e sim por grupos de madeireiros com actuação ilegal.

 Bonner certamente orientou a matéria com o visível objectivo de levar o telespectador a se colocar contra a reforma agrária, já que, na concepção manipulada da TV Globo, os assentados violentam o meio ambiente.

Em suma: assim caminha o jornalismo da TV Globo. Quando questionado, a resposta dos editores é acusar os críticos de defenderem a censura. Um argumento que não se sustenta.

 A propósito, o jornal O Globo está de marcação cerrada contra o governo de Rafael Correa, do Equador, acusando-o de restringir a liberdade de imprensa. A matéria mais recente, em tom crítico, citava como exemplo a não renovação da concessão de algumas emissoras de rádio que não teriam cumprido determinações do contrato.

 As Organizações Globo e demais mídias filiadas à Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) raciocinam como se os canais de rádio e de televisão fossem propriedade particular e não concessões públicas com normas e procedimentos a serem respeitados.

 Em outros termos: para o patronato associado à SIP quem manda são os proprietários, que podem fazer o que quiserem e bem entenderem sem obrigações contratuais.

 No momento em que o Estado fiscaliza e cobra procedimentos, os proprietários de veículos electrónicos de comunicação saem em campo para denunciar o que consideram restrição à liberdade de imprensa.

 Os governos do Equador, Venezuela, Bolívia e Argentina estão no índex do baronato mediático exactamente porque cobram obrigações contratuais. Quando emissoras irregulares não têm as concessões renovadas, a chiadeira do patronato é ampla, geral e irrestrita.

 Da mesma forma que O Globo no Rio de Janeiro, Clarin na Argentina, El Mercurio no Chile e outros editam matérias com o mesmo teor, como se fossem extraídas de uma mesma matriz mediática.

MÁRIO AUGUSTO JACOBSKIND

Vamos lá...

Escrevia M. A. Pina em J de N.


“Quando ontem aqui escrevi que Cavaco Silva terá dito a um jornal holandês que [os portugueses] foram "demasiado negligentes" e estão hoje a sofrer as consequências de "uma vida fácil", negligente fui eu, que me fiquei pelo "lead" da notícia da RR sobre a entrevista ao "Financieele Dagblad".
Na verdade, Cavaco falou de "negligência" a propósito de não terem sido devidamente avaliados os efeitos de o país deixar de ter política cambial própria com a adesão ao euro; e de "vida fácil" a propósito do excessivo investimento em bens não transaccionáveis após essa adesão.
A questão central, no entanto, permanece: a facilidade com que os políticos, Cavaco incluído, afirmam "os portugueses isto", "os portugueses aquilo", omitindo a que portugueses se referem.
Ora quem foi "demasiado negligente" e quem viveu e vive "uma vida fácil" não foram "os" portugueses, foram as elites político-partidárias do PSD, PS e CDS que governaram e governam o país, saltando entre o Governo e a administração de grandes empresas, com as quais não raro, no Governo, previamente subscrevem contractos de milhões ruinosos para o Estado.

E quem, por imposição dessas mesmas elites, está a pagar a sua negligência e a sua vida fácil são os "outros" portugueses, principalmente os pobres e as classes médias, cuja vida nunca foi "fácil" e se tornou hoje ainda mais difícil, quando não impossível, de viver.”




terça-feira, 10 de julho de 2012

Tira a blusa, sff

A ortografia é o rosto das palavras e a poesia é de essência monárquica e litúrgica


No Vazio da Onda


by MCS

«A ortografia é o rosto das palavras. Este rosto já sofreu tantas operações plásticas, mal feitas, que, agora, com a última, a pior e a mais estúpida, quase ficou irreconhecível. Chegou a altura de parar e, nalguns casos, de voltar atrás, sob risco de se perder da vista e do coração o pouco que resta da fisionomia das palavras da língua portuguesa.
Num poema, o aspecto das palavras que o compõem, revela-se tão importante como o seu som. Mesmo quando o poema é escutado e não lido, quem o recita, assinala na dicção, se for bom diseur (dizedor e não declamador), a ortografia e a mancha do seu perfil do lado direito da página. O recitativo torna-se visual, o som torna-se, por assim dizer, visível a duas dimensões, como a pintura do antigo Egipto.
A última reforma ortográfica destina-se aos carneiros, parasitas e usurários, que necessitam, em simultâneo, nas arengas e transacções, do inglês básico americanizado, factor que acelera ainda mais a degradação da língua nacional, até a reduzir a um dialecto tôsco, que caracteriza, sobretudo, a classe baixa dos políticos e dos magarefes ocidentais sem religião.
O poeta, neste contexto, é o único que, orientado numa linha de ortografia tradicional, nem sempre etimológica, e sob a esclarecida influência do critério biológico e estético de Teixeira de Pascoaes, o poeta, dizia, é o único homem livre capaz de criar a sua própria ortografia, indissociável da disposição rítmica e gráfica dos seus poemas.
Quem, em edições futuras dos meus livros, se as houver, depois da minha morte, "actualizar" a minha ortografia pessoal, comete um erro de lesa-majestade e uma blasfémia, porque a poesia é de essência monárquica e litúrgica e, como já disse alguém, reina sozinha ou abdica.»
Ortografia, António Barahona in "Raspar o Fundo da Gaveta e Enfunar uma Gávea", Lisboa, Averno, 2011

domingo, 8 de julho de 2012

Corre água...

Assim...


Num país sem Indústria, sem Agricultura, sem Pesca, com o salário mínimo mais baixo da Europa. Com os fundos de Bruxelas para os barões laranja, com banco – BPN - e tudo estamos à espera de quê! Os mais ricos enriquecem todos os dias, muitos do mais pobres passam fome. O governo não sabe o que faz, a oposição não quer perder as subvenções económicas. O desemprego sempre a aumentar, muitos os intelectuais a fugir… Os alemões que fecham as portas da sua neocolónia: estamos tesos e os Portugueses desenrascam, sozinhos! 

Esta "aurora" é negra!


“Atenas, 7 jul (EFE).- Após convencer mais de 400 mil gregos com seu discurso xenófobo e conseguir uma histórica entrada no Parlamento de Atenas, o partido neonazista Aurora Dourada ampliou agora sua presença nas ruas, com ataques a estrangeiros e ameaças a comerciantes imigrantes.”

"No sábado 23 de junho, chegaram uns 30 ou 35 neonazistas. Alguns vinham de moto e todos estavam armados com bastões e protegidos com capacetes. Entraram em minha loja e me disseram: Não queremos você aqui. Este é nosso país e não o seu. Vá embora. Tem uma semana para fechar esta loja, disse à Agência Efe o paquistanês Ahmet Nadim, que administra uma videolocadora no bairro ateniense de Nikea.”

“Seu caso não é único. Os estabelecimentos contíguos, uma barbearia e uma mercearia, administrados por imigrantes, também foram ameaçados, enquanto a polícia, situada a 30 metros de onde ocorria, não interveio.”