(…) Aqueles
homens e mulheres tinham já na consciência um assassínio ou qualquer crime
ignóbil. Mas comer um homem? Nunca na vida se teriam julgado capazes de uma
coisa tão horrível. E admiravam-se, mesmo assim, por terem cometido aquele acto
com tanta felicidade e não sentirem, à excepção da falta de à-vontade, o mínimo
peso na consciência. Pelo contrário! Tinham o estômago um pouco pesado, mas o
coração alegre.
Nas suas
almas tenebrosas surgiu um repentino palpitar de alegria. E nos rostos
pairava-lhes um virginal e suave brilho de felicidade. Era indubitavelmente
esse o motivo por que receavam erguer os olhos e fitarem-se. Contudo, quando se
arriscaram a fazê-lo, primeiro de fugida e depois abertamente, não conseguiram
reter um sorriso. Sentiam-se extraordinariamente orgulhosos. Era a primeira vez
que faziam qualquer coisa por amor.”
(Fim de "O
Perfume História de um Assassino"
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