O economista João Duque diz que as contas de Portugal estão
a ser mal feitas e que não será possível cumprir as metas traçadas.
"Há uma falha dos modelos. Vejam o que foi o orçamento
de 2012", apelou, durante o evento IDC Directions que decorreu no Estoril.
"Tínhamos uma previsão de cobrança do IRS, IRC e do IVA. Com base na
última execução orçamental, vejam qual era a previsão e a realidade",
continuou, mostrando quadros comparativos. O IRS subiu, o IVA desceu.
"Os orçamentos só servem para apontar os desvios, e
isto são desvios colossais", frisou. João Duque considera que, perante as
"grandes alterações que estão a ser impostas à economia portuguesa, e que
os modelos não comportam", não se pode prever qual será o comportamento da
economia.
"Os portugueses perderam poder de compra e desataram a
poupar. Oops", gracejou, referindo que "em termos colectivos" o
comportamento é, por vezes, inesperado.
"O que se passa na economia portuguesa é isto. Eu
sinto-me uma cobaia porque não é possível ter a mais pálida ideia de qual vai
ser o comportamento perante um ataque fiscal como o que se vai fazer. No
entanto, as previsões estão lá. Não tenho confiança absolutamente nenhuma no
modelo", assinalou.
Apesar do cenário
negro, o economista acredita que Portugal "será um país repleto de
oportunidades daqui a dez, quinze anos", depois de um êxodo provocado pela
crise. "Portugal pode ser um país virado para a atracção da terceira idade
da Europa. Pode ser um país de logística", sugeriu.
João Duque pretende que o futuro seja pensado de forma
abrangente. "Pagar as contas é apenas tratar das urticárias, não é mudar
Portugal. E o nosso problema não é financeiro, apesar de ter essa aparência. As
contas estão a ser mal feitas", concluiu.
Mostrando quadros com os vencimentos de dívida dos próximos
anos, João Duque garantiu que não será possível pagar.
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