«Este orçamento é mentiroso, é ilegal, é ilegítimo, é
imoral, é associal e belicista. E todos o sabem. Mas foi aprovado pelos
deputados da maioria.
Bastaria para nos encher de vergonha o conteúdo do orçamento
em si, um exercício impossível de cumprir segundo praticamente todos os
observadores independentes, que promove o empobrecimento dos portugueses e
amplia a desigualdade social, que reduz a progressividade dos impostos, que
taxa como ricos os que mal emergem da linha de pobreza, que poupa o património
e os rendimentos de capital dos verdadeiros ricos, que abandona qualquer ideia
de desenvolvimento económico, qualquer preocupação com o bem-estar dos
cidadãos, que transfere sem a menor vergonha para os bolsos dos agiotas
credores o dinheiro que rouba do bolso dos desempregados e que, para mais, se
baseia em estimativas que todos sabem absolutamente falaciosas.
O Orçamento de 2013 é mentira. Mas, pior do que ser mentira,
é um orçamento de ataque ao povo português. É um orçamento de guerra. Não por
ter sido imposto por uma situação de guerra, mas porque é um acto de guerra
contra os pobres e a classe média, contra a democracia e a liberdade (de que
liberdade goza um desempregado?). É um acto de revanchismo serôdio contra o 25
de Abril. Mais do que um confisco de salários e pensões é um confisco de
direitos. É um confisco de democracia. É um acto de guerra civil.
É imoral porque ataca os mais frágeis, é associal porque
destrói o tecido social e a própria ideia de solidariedade e a confiança que
mantém a sociedade, é belicista porque vai semear a doença, a fome, a morte e a
discórdia. Mas foi aprovado pelos deputados da maioria…”
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